Este artigo é um resumo da monografia apresentada ao
Seminário e instituto Batista Bereiano, em 2009.
Ana Talita Brito de
Medeiros Farias
1
INTRODUÇÃO
Pouco se tem escrito sobre a
esposa do pastor, será que é porque ela não é importante? Com certeza não é por
isso, pois esta mulher tem uma grande importância, uma vez que ela é um só
corpo com o pastor. Não sabemos os motivos, mas supomos que a necessidade de
publicações nesta área ainda não foi percebida, embora saibamos o quão
necessário seja. Muitas indagações têm surgido sobre esta mulher: Ela tem que
ser comissionada para o ministério junto com o marido, ou não? E na igreja, ela
precisa ter vários dons? Precisa exercer vários cargos? É necessário que ela
tenha todas as aptidões, como saber cantar, tocar e ser uma boa dirigente?
Afinal, quais devem ser suas prioridades? Foram estas perguntas que me
impulsionaram a escolher esse assunto para a minha monografia. O
objetivo geral deste trabalho é esclarecer um pouco as indagações a respeito do
chamado, dos dons e habilidades e das prioridades da esposa do pastor, para
auxiliar tanto a mim, quanto às mulheres que já estão vivendo essa realidade e
também às futuras esposas de pastores.
Este
assunto é muito importante para a esposa do pastor, uma vez que ela precisa
entender o que é chamado e quais os tipos de chamado que existem para então ela
saber aplicar à sua pessoa. MacArthur nos informa que há vários tipos de
chamado, e o primeiro deles é o chamado para a salvação. Em 2 Coríntios 13.5,
diz que precisamos examinar a nós mesmos, a fim de sabermos se estamos na fé.
Uma esposa de pastor, antes de tudo, precisa receber este chamado para a
salvação e ser verdadeiramente crente em Cristo Jesus.
Após
a salvação, todos os crentes recebem outro chamado, que é o do serviço cristão
(Efésios 2.10). Este serviço deve ser executado por meio dos dons que o
Espírito Santo concede a cada um. A esposa do pastor, que é crente em Cristo
Jesus, recebe também o chamado para o serviço por meio do seu dom, como também
a tarefa de levar o evangelho a toda criatura.
Além
destes dois chamados, Deus concede a alguns homens, o chamado para a liderança
da igreja, ou chamado ministerial (MACARTHUR, 2004). Estes
homens são os pastores, que cuidam das ovelhas e as lideram. A liderança da
igreja foi concedida somente a homens, portanto a esposa do pastor não pode ter
recebido este tipo de chamado, tendo em vista que ela é mulher.
Estes
são os tipos de chamado que encontramos na Bíblia, onde o último é concedido ao
pastor. Vamos verificar agora duas visões a respeito do trabalho da esposa do
pastor.
2.2 CHAMADA para auxiliar o marido
Para
iniciarmos esta discussão, precisamos antes entender qual o propósito de Deus
ao criar a mulher, pois isto baseará nosso entendimento quanto ao chamado da
esposa do pastor. Em Gênesis 2.18, encontramos o relato da razão de Deus criar
a mulher. Este texto diz que Deus viu que não era bom que o homem estivesse só,
então lhe fez uma auxiliadora idônea. A
mulher desde a sua criação sempre teve um papel muito importante na vida do
homem, pois ser uma auxiliadora idônea não é nada fácil. A esposa do pastor é
auxiliadora do seu marido, ou seja, ela é responsável para ajudar seu esposo,
para que o mesmo desenvolva seu ministério. A
mulher não é chamada para ser pastora, uma vez que a Bíblia proíbe que a mesma
ensine em culto público, por isso o trabalho e ofício do episcopado foram
reservados para os homens (SPURGEON, [s.d.]). A autora Dusilek nos diz que não
existe uma vocação especial para ser esposa de pastor, como acontece com
algumas pessoas vocacionadas para exercer uma profissão. Deus chama o marido para
ser pastor, mas a sua esposa ele chama para ser ajudante do seu marido, e assim
ela estará auxiliando no ministério dele. Ser esposa de pastor não é exercer o
ministério com o marido, é cuidar dele como sua esposa.
Muitas
vezes ouvimos pastores falando que ele e a esposa exercem o ministério na
igreja, será que esta afirmação está condizente com o que diz as Escrituras? O
autor Silva, fala que jamais devemos esquecer que a mulher foi chamada para ser
auxiliadora do seu marido e não da igreja, e que o pastorado é do homem. A
esposa do pastor precisa ser vista como membro normal da igreja, e não como
pastora auxiliar. (SILVA, 1997). Precisamos tomar cuidado para
não acabarmos colocando a esposa do pastor como auxiliar do ministério dele,
pois se assim o fizermos, não estaremos pensando diferente de autores que
aceitam o ministério pastoral feminino. Entretanto, não podemos negar a
influência que a esposa do pastor tem no ministério do marido. Apesar dela não
ter um chamado especial para exercer o ministério junto com seu esposo, ela
precisa ter uma visão voltada para o trabalho do Senhor. A razão é que, embora
seja crente como todos os outros, ela precisa ser exemplo para todos os demais
membros da igreja. Sua influência é muito forte na igreja, e é por isso que ela
deve ter o desejo de ser uma serva na obra de Deus. Mas não é por isso que ela
deva ser considerada co-pastora da igreja, uma vez que todo crente em Cristo
precisa ser um servo na obra.
Quando
tratamos sobre o papel da esposa do pastor, pensamos logo nas esposas de
líderes da Bíblia, como Sara, Rebeca, Raquel, a mulher de José, a mulher de
Moisés, a mulher de Pedro, entre outras. Percebemos que estas mulheres tiveram
com certeza uma grande importância na vida destes homens de Deus, porém não
vemos estas mulheres exercendo a liderança junto com seu esposo. Pelo
contrário, vemos suas vidas sendo dedicadas à família. Trazendo esta realidade
para a vida da igreja, será que o papel da esposa continua sendo o mesmo? Ou
será que agora ela deve liderar juntamente com o seu marido? Como deve ser seu
trabalho na igreja, tendo em vista que ela é esposa do pastor? Quanto aos seus
dons?
A
esposa do pastor precisa trabalhar em todas as áreas da igreja? Precisa ocupar
todos os cargos que não tenha ninguém para ocupá-los? Quantos dons são
necessários para ela? Estas perguntas são muito importantes quando tratamos
sobre o papel da esposa do pastor. De acordo com o texto de 1 Coríntios
12.7-11, o Espírito Santo concede os dons individualmente a cada membro do
corpo de Cristo, como lhe apraz. A cada um Ele concede determinado dom, sendo
assim, a esposa do pastor recebeu seu dom e precisa desempenhá-lo para a
edificação da igreja. Ela não recebeu todos os dons, mas com isto não estamos
querendo dizer que ela não precise ter a visão para a obra do Senhor. A esposa
do pastor recebeu seu dom do Espírito Santo assim como qualquer crente, e
precisa desempenhá-lo para a edificação da igreja. Ela não pode ter recebido
todos os dons, pois ela é apenas um membro do corpo de Cristo, portanto os
outros membros também receberam dons. Ela não deve se preocupar em trabalhar em
todas as áreas da igreja porque é a esposa do pastor, pelo contrário deve desenvolver
seu dom, como também cada membro em Cristo Jesus.
Há
muitas divergências quanto ao papel da esposa do pastor na igreja. Uns
acreditam que ela precisa trabalhar junto com o marido em todas as áreas da
igreja, outros dizem que ela não precisa fazer nada, pois não ganha para isto.
Iremos analisar o papel desta mulher na igreja e definir algumas diretrizes
para este papel. Todo crente em Cristo Jesus precisa entender a necessidade de
trabalhar na obra de Deus, dedicando-se àquele que o salvou. A esposa do
pastor, como crente em Cristo Jesus, trabalha na obra dEle com amor. A esposa
do pastor, portanto, tem trabalho a cumprir na igreja como todos os crentes
têm, porém não podemos negar que ela tem uma grande responsabilidade de ser um
bom exemplo para os outros irmãos. Sendo assim, esta mulher precisa de grande
maturidade emocional e espiritual para assumir as responsabilidades que serão
requeridas dela, principalmente em ser um bom exemplo para todos (DUSILEK,
1996). A posição da autora Gomes também é muito boa, pois ela nem diz
que a esposa do pastor tem que fazer tudo na igreja, nem que ela não tem
obrigação de fazer nada. Ela também concorda que apesar de ter uma grande
responsabilidade em ser exemplar, sua função na igreja não é fazer tudo, mas
sim desenvolver o dom que lhe foi concedido.
A autora Kirk cita alguns serviços para a
mulher cristã: Mordomia, oração, ensino, louvor, aconselhamento, beneficência,
hospitalidade e evangelismo. Vemos que são áreas que a esposa do pastor não
pode negligenciar, pois se assim o fizer, ela não estará fazendo seu papel como
cristã. Ela tem muito trabalho para cumprir na igreja do Senhor, sabendo que
outros membros serão influenciados pela sua dedicação ao serviço de Deus.
Já avaliamos o
papel da esposa do pastor na igreja, e vimos que ela deve exercer o seu dom
para o desempenho do serviço e edificação da igreja e vimos também várias áreas
onde ela pode e deve atuar dentro da igreja. Assim como ela precisa ser exemplo
no serviço, também precisa ser em sua vida cristã. Suas virtudes ou qualidades
irão incentivar os outros irmãos. Em 1 Timóteo 3.11 diz: “Da mesma sorte,
quanto a mulheres, é necessário que sejam elas respeitáveis, não maldizentes,
temperantes e fiéis em tudo.” Este versículo está destinado para esposas de
diáconos, mas também podemos utilizá-lo para a esposa do pastor.
Tratando sobre o
versículo acima, MacArthur nos diz que o padrão para estas mulheres não é
inferior ao padrão de seus esposos, pois são utilizadas as mesmas palavras
tanto para os diáconos e bispos, quanto para elas. A primeira qualidade é a
honestidade ou respeito, que quer dizer que a mulher deve ganhar o respeito dos
outros por sua maturidade. A segunda qualidade é referente à sua língua, onde
ele diz que ela não deve ser diabolous,
ou seja, ela não deve usar sua língua para difamar os outros. A terceira
qualidade é a sobriedade, nephalious,
que implica em ser equilibrada, moderada e sensata. A quarta qualidade diz
respeito à fidelidade, que deve acompanhar todos os seus relacionamentos
(MACARTHUR, 2004).
Ainda a respeito
deste versículo, encontramos as definições destas qualidades na monografia da
autora Farias. Ela diz que a palavra grega para respeitável é semnos, que quer dizer ‘augusto,
venerável, honrado, respeitável’. Portanto, ela deve ser uma mulher que pode
ser venerada por seu caráter por ter uma vida reta e íntegra diante de Deus e
dos homens. Ela não pode ser maldizente, ou seja, não pode usar sua língua para
ferir outros, e isso ela só conseguirá se for totalmente controlada pelo
Espírito Santo. A temperança diz respeito ao autocontrole, ou seja, ela precisa
ter domínio próprio em todas as situações. A última qualidade encontrada neste
versículo diz respeito à fidelidade. A palavra grega pistos quer dizer fiel, e uma pessoa fiel é alguém que é digno de
confiança. A esposa do pastor precisa ser fiel em tudo, digna de confiança em
todas as áreas, pois esta é uma ferramenta essencial para quem está casada com
um pastor (FARIAS, 2007).
Gomes
também concorda que as qualidades exigidas para as esposas de pastores não são
inferiores às exigidas aos pastores. Ela aborda as qualidades exigidas para o
pastor, trazendo-as também para as esposas dos mesmos, mostrando que quando
casaram tornaram-se uma só carne, portanto ela também precisa revestir-se das
mesmas qualidades que ele. A autora utiliza o texto de 1 Timóteo 3. 1-7.
Quanto à irrepreensibilidade, ela diz que não
há como o marido ser irrepreensível se sua esposa não for; Marido de uma só
mulher mostra a importância que ela tem no ministério dele, como única na sua
vida; Vigilante, sóbrio, honesto e hospitaleiro diz respeito à esposa,
principalmente na hospitalidade; Apto para ensinar requer estudo, e a esposa é
responsável para fornecer um ambiente propício para o seu marido estudar; Não
cobiçoso de torpe ganância e não avarento é algo que requer da esposa o
contentamento com o que tem; Que governe bem a sua própria casa é algo que o
marido precisa da mulher para fazer, ela tem que ser submissa e estar de acordo
com a direção do marido; Que tenha bom testemunho dos de fora trata sobre a
reputação do pastor. Este último implica em viver seguindo os padrões bíblicos,
para que os outros não se escandalizem (GOMES, 1978).
Todas estas
qualidades são essenciais para a esposa do pastor, pois ela precisa auxiliá-lo
a ser um pastor aprovado. O contentamento é algo que todo cristão precisa ter,
e a esposa do pastor que não está contente com seu sustento e com a igreja,
pode arruinar o ministério do marido com reclamações. A outra qualidade que
queremos destacar é a hospitalidade, requerida em Hebreus 13.2, onde diz que
não podemos negligenciá-la. A casa do pastor deve ser um lugar acolhedor, e a
sua esposa precisa ser hospitaleira, sabendo acolher os outros com amor, dando
do que tem. Percebemos então que ser esposa de pastor requer uma vida com Deus,
pois só assim ela conseguirá ser padrão.
Cremos
que a primeira prioridade para todos os crentes deve ser sua vida com Deus. A
esposa do pastor, antes de tudo, foi salva por Deus para ter comunhão com Ele.
Seu compromisso primordial deve ser com Deus, fazendo o que lhe agrada para a
glória Dele. Amar a Deus é essencial para todos os crentes, inclusive para a
esposa do líder da igreja. Gomes diz que quando esta mulher prioriza Deus em
sua vida, buscando conhecê-lo a cada dia mais através da sua Palavra, ela
conseguirá discernir as outras prioridades (GOMES, 1978).
Ela diz também que toda mulher cristã, que é filha de Deus, precisa ter sua
vida centrada nEle. A esposa do pastor deve ter uma vida centrada em Cristo,
buscando sempre agradá-lo em tudo. Entretanto, um problema que surge a este
respeito é quando a igreja pensa que ela precisa fazer tudo na igreja para
demonstrar seu compromisso com Deus. Vemos que esta não é a forma correta de
demonstrar isto, e a autora Dusilek trata muito bem deste assunto, mostrando o
que é compromisso com Deus e a diferença entre isto e ativismo. Ela diz que ter
compromisso com Deus não é ter a agenda sempre cheia de atividades da igreja,
que a levam a um verdadeiro esgotamento físico e mental. A esposa do pastor
precisa ter uma vida íntima com Deus, procurando entender qual a vontade dEle
para a sua vida. Antes de tudo, porém, ela sabe que seu papel como esposa e mãe
é a tarefa primordial que Deus lhe concedeu, e não deve negligenciar isto. Ela
deve buscar a cada dia crescer espiritualmente em comunhão com o seu Criador.
Dusilek ainda nos diz que a esposa do pastor só conseguirá enfrentar as
pressões ministeriais se tiver uma estrutura espiritual arraigada na graça de
Deus. Ela precisa preocupar-se sempre com sua vida espiritual e sua intimidade
com Deus por meio da oração.
Já
mencionamos a importância que a mulher tem como auxiliadora do seu marido, e
agora, queremos mostrar a necessidade que a esposa do pastor tem de priorizar
sua vida matrimonial. Quando ela tiver que decidir entre algo que tem para
fazer, mesmo que seja na obra do Senhor, mas isto irá atrapalhar o seu
relacionamento conjugal, ela precisa escolher o seu relacionamento conjugal.
Foi para isto que ela foi criada, para auxiliar seu marido e ser sua
companheira. A mulher, como companheira do homem, deve procurar sempre cuidar
do seu marido e ser totalmente dedicada às necessidades dele. Peace diz que
dar-se ao marido é o dever da mulher, e ela deve fazer mais que isto, pois
Lucas 17.10 diz que somos servos inúteis quando fazemos só o que nos é mandado.
Por isto, ela não deve apenas cumprir o seu dever, mas precisa ser bondosa,
acessível, transparente e honesta com ele (PEACE, 2008).
No
casamento, a mulher jurou amar, respeitar e obedecer ao marido até que a morte
os separasse. Em vista deste juramento, o marido sempre vem em primeiro lugar
nos relacionamentos terrenos, e este comprometimento deve ser por toda a vida.
Um dos grandes erros que a esposa do pastor pode cometer nesta área, bem como
qualquer irmã, é priorizar mais seus filhos que seu marido. Estas mulheres
precisam entender que para criar os filhos da maneira correta, é necessário um
ambiente familiar onde reine a harmonia conjugal (GOMES, 1978).
A
relação do pastor com a sua esposa é vista por todos, e por isto, precisa
servir de exemplo. Muitos membros da igreja e até pessoas de fora precisam
encontrar no relacionamento matrimonial do pastor um grande exemplo a ser
seguido, pois eles precisam disto. A mulher precisa ajudar bastante para que
seu casamento sempre ande em harmonia e bom testemunho. Dusilek nos diz que a
esposa do pastor precisa sempre procurar cuidar do seu marido, pois o mesmo
está constantemente à frente das coisas e precisa estar bem apresentado. Isto
não se refere a dinheiro, pois o descaso com a aparência não é um problema
financeiro, mas pessoal (DUSILEK, 1996).
Outra
coisa muito importante é a vida íntima do casal, que jamais deve ser
negligenciada. Nesta parte, mais uma vez a mulher exerce uma grande parcela de
responsabilidade. Ela precisa reconhecer a necessidade que seu marido tem de
uma vida íntima, e as pressões que ele enfrenta trabalhando diariamente com
outras irmãs. Ele precisa do apoio da sua mulher e do seu carinho. Peace nos
diz que devido os desejos sexuais do homem tenderem a ser mais intensos que o
da mulher, ela não pode negligenciar esta área (PEACE, 2008).
O pastor enfrenta muitas tentações ao trabalhar com mulheres, por isto suas
necessidades sexuais precisam ser satisfeitas em casa.
Dusilek
também diz que a esposa do pastor deve evitar ter ciúmes de seu marido,
principalmente quando este ciúme for descontrolado, pois assim fazendo estará
prejudicando o ministério do marido. Outra coisa muito importante que a esposa
do pastor sempre precisa fazer é buscar estimular o seu marido por meio de
elogios. Todo homem precisa ouvir elogios, e o pastor precisa que sua esposa o
admire e diga sempre palavras que possam animá-lo na caminhada (DUSILEK, 1996).
A
esposa cristã precisa procurar ser como a mulher virtuosa, que o coração do seu
marido confiava plenamente nela (Provérbios 31.11). Champlin nos informa que a
confiança do marido na sua mulher queria dizer que ela era fiel a ele
sexualmente; Cumpria todos os seus deveres de esposa; suas ações demonstravam
seu nobre caráter; era capaz de gerenciar a sua casa, e; sabia administrar as
finanças sabiamente (CHAMPLIN, v. 4, 2001). A esposa do pastor então é alguém
que entende suas obrigações de esposa, e procura fazer mais que isto. Ela é um
verdadeiro refúgio para o pastor, que também precisa ser bem acolhido em casa.
Os
filhos da esposa do pastor, bem como de qualquer mãe são muito importantes,
pois eles são herança do Senhor para ela (Salmo 127.3), porém eles não devem
vir antes do marido e nem depois de qualquer outra coisa. Também, dizer que
eles vêm depois do marido não é que a mãe deva passar menos tempo com os filhos
e mais com o marido. Pelo contrário, sabemos que a mãe sempre passa mais tempo
com os filhos, pois o marido geralmente fica maior parte do dia fora de casa.
Com o pastor não é diferente, pelo contrário, ele tem muito trabalho fora de
casa e por isto a esposa sempre passa mais tempo com os filhos.
Kirk
trata o papel de mãe como um ministério que é exercido vinte e quatro horas por
dia, e requer o melhor que uma mulher possa oferecer (KIRK, 1981).
Quando a mulher torna-se mãe, passa a ter que dispensar muito tempo no cuidado
e educação dos filhos. Kirk também nos diz que a educação dos filhos é
concedida a ambos os pais, porém a mulher deve exercer seu papel de ajudadora,
esforçando-se para educar os filhos da melhor forma. Devido o marido passar
muito tempo fora de casa, a mulher precisa preocupar-se com a educação cristã
de seus filhos, ensinando a eles o temor do senhor. Os pais também devem
preocupar-se em disciplinar seus filhos de maneira correta e ser um exemplo de
vida digno a ser seguido pelos filhos (KIRK, 1981).
Os
filhos do pastor recebem uma grande pressão para sempre serem perfeitos, e por
isso muitas vezes acabam não suportando. Precisa ser entendido que por serem
filhos do pastor não quer dizer que sejam sempre perfeitos, mas também não
podem dar mau testemunho, uma vez que o pastor se tornará irrepreensível se
isto ocorrer. Dusilek fala que é um grande privilégio para a esposa do pastor,
cuidar dele e de seus filhos. Ela diz que a esposa de pastor que se preocupa
tanto com os cargos que tem que exercer na igreja e esquece-se de cuidar de
seus próprios filhos, não fez nada. (DUSILEK, 1996
A
palavra grega para dona de casa é: oikourgos,
que quer dizer alguém que guarda a habitação ou cuida do lar (PEACE, 2008).
Deus sempre quis que a mulher exercesse seu ministério como dona de casa. Tito
2.5 diz que não simplesmente uma pessoa que cuida da casa por cuidar, mas uma
boa dona de casa. Quanto à mulher virtuosa de Provérbios 31.10-31, Peace diz
que dos vinte e dois versículos deste trecho, nove são destinados ao trabalho
da mulher no lar. Estes versículos são: Provérbios 31.13, 15-16, 18-19, 21-22,
24 e 27 (PEACE, 2008). Vemos por meio do trecho de
Provérbios 31.10-31, que toda esposa precisa ser uma boa dona de casa, cuidando
também em trabalhar fora se for necessário. A esposa do pastor então deve ser
uma dona de casa exemplar, pois como já dissemos, a família do pastor é sempre
vista pelos irmãos da igreja. O lar é o ambiente onde a esposa trabalha,
preocupando-se em sempre mantê-lo preparado, principalmente o lar do pastor.
Este
é um assunto muito contraditório, pois alguns acreditam que a esposa do pastor
pode trabalhar fora, porém outros acham que ela não pode fazê-lo. Precisamos
analisar quais as motivações que a levam a trabalhar fora. São motivações
corretas ou erradas? Cremos que há casos em que ela realmente precisa trabalhar
fora, e o faz em obediência à sua primordial tarefa de auxiliadora do marido.
Nestes casos, o trabalho fora deve ser visto com prioridade. A esposa do
pastor, entretanto, encontrará muitas críticas ao fazê-lo. A autora Peace não
concorda que a esposa possa trabalhar fora, e percebemos esta sua posição
porque ela sempre procura encontrar meio de mostrar que a mulher precisa ficar
em casa. Quanto à necessidade financeira, ela diz que não é motivo para que a
esposa exerça alguma atividade. Quando o marido requer que a esposa trabalhe
fora, ela diz que a esposa precisa procurar provar para ele que estará pecando
se trabalhar fora. Mas, se ele insistir, precisa obedecer. E, caso o marido
fique impossibilitado ou chegue a falecer, a igreja é responsável por cuidar
desta mulher, afim de que ela não precise trabalhar fora. Portanto, ela
apresenta que a esposa do pastor só poderá trabalhar fora em última instância,
pois seu dever é cuidar do lar (PEACE, 2008). Concordamos que a esposa deve
procurar sempre ficar em casa, a fim de cuidar das suas tarefas domésticas, mas
não que é errado ela trabalhar fora caso necessário. Dusilek
tem uma posição diferente da de Peace. Ela diz que há muitas esposas de
pastores que estudaram e possuem uma profissão, ou sabem exercer algum tipo de
atividade remunerada. Se for necessário, elas podem trabalhar fora, como forma
de exercer sua mordomia cristã. Ela diz que quando a esposa tem filhos pequenos
precisa pensar muito antes de decidir isto, mas que não há um modelo fechado
para isto. Pelo contrário, o casal precisa tomar esta decisão juntos, avaliando
os pontos positivos e negativos (DUSILEK, 1996). Gomes
também concorda que a mulher pode trabalhar fora, respeitando primeiramente sua
condição de esposa. Ela diz que é errado quando alguns crentes pensam que a
mulher que trabalha fora para ajudar a família é menos bíblica do que a que
fica somente em casa, com suas tarefas domésticas (GOMES, 1978).
Vamos
analisar agora as motivações que levam a esposa do pastor a exercer atividade
remunerada. Peace trata sobre os motivos errados que levam a mulher a trabalhar
fora, são estes: prestígio, desejo por bens materiais ou fuga de suas tarefas
no lar. Todas estas são motivações egoístas, e se assim forem, será errado
trabalhar fora (PEACE, 2008). Quanto ao desejo por bens
materiais, Gomes fala que não é errado buscar o bem da sua família nesta área,
mas é errado quando colocamos isto antes das pessoas. Principalmente a esposa
do pastor, que precisa priorizar as necessidades de seu marido, auxiliando ele,
para que o mesmo desempenhe um bom ministério (GOMES, 1978).
Dusilek fala que outro motivo errado para a esposa buscar trabalhar fora, é
fugir dos problemas advindos da atividade ministerial (DUSILEK,
1996). Todos estes motivos são errados, porém há muitos casos que levam
a esposa do pastor a procurar auxiliar sua família com um trabalho fora, e não
deve ser criticada por isso. Se houver necessidade realmente da esposa ajudar
no orçamento não encontramos base bíblica que proíba. Pelo contrário, a mulher
virtuosa adquiria propriedades, plantava vinhas e fazia roupas para vender
(Provérbios 31.16,24). Sendo assim, a mulher pode trabalhar fora.
Chegando
ao final desta pesquisa monográfica sobre o papel da esposa do pastor,
percebemos que muitas indagações foram respondidas, por meio de diretrizes
bíblicas. Entendemos também que não é fácil definirmos certas questões sobre o
papel da esposa do pastor, quando a Bíblia não define. Buscando esclarecer a
respeito do ministério da esposa do pastor, pesquisamos três áreas, foram elas:
chamado, papel na igreja e prioridades. Percebemos que a primeira e a terceira
áreas definem grande parte da segunda área, ou seja, o que entendemos sobre
chamado da esposa do pastor e as prioridades que ela estabelece para si
ajudarão definir o seu papel na igreja.
O
ministério da esposa do pastor é ser auxiliar do seu marido, assim como
qualquer outra mulher. Ela precisa basear seu papel em diretrizes bíblicas e
não em posições de uma ou outra pessoa. Seu papel na igreja é o mesmo que
encontramos para todos os crentes, mas ela precisa aceitar sua responsabilidade
de ajudar seu esposo a ser qualificado para o ministério. Fazendo isso, estará
sendo a mulher que Deus quer que ela seja.
v
A BÍBLIA
ANOTADA. Texto Bíblico: Versão Almeida, Revista e Atualizada, com
introdução, esboço, referências laterais e notas por RYRIE, C. C. Tradução de
Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, - São Paulo: Mundo Cristão, 1994.
v
BARRIENTOS,
Alberto. Trabalho Pastoral.
Campinas, SP: Cristã Unida, 1991.
v CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo. São Paulo:
A Voz Bíblica, [s.d.]. v.1.
v ______. O
Novo Testamento Interpretado, versículo por versículo. São Paulo: A Voz
Bíblica, [s.d.]. v.4.
v ______. O
Antigo Testamento Interpretado, versículo por versículo. São Paulo: Hagnos,
2001. v.4.
v CRABTREE,
A. R. A Doutrina Bíblica do Ministério.
2. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1981.
v DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 2. ed. São Paulo: Vida Nova, 1995.
v DUSILEK, N. G. Mulher sem Nome. São Paulo: Vida, 1996. 2ª imp.
v FARIAS, Wiarlla N. S. Monografia: A Teologia Bíblica Sobre o Papel da Mulher
na Igreja. Natal, RN: SIBB, 2007.
v GOMES, Elizabeth S. C. A Esposa. São Paulo: Refúgio Gráfica e Editora LTDA, 1978.
v GRUDEM, W. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.
v HAAN, Richard, W. D. Como fazer de sua casa um lar. São Paulo: IBR, 1994.
v HIEBERT, D. E. A Primeira Epístola a Timóteo. São Paulo: EBR, 2000.
v MORRIS, L. I Coríntios – Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão,
1981.
v MACARTHUR, J. Jr. Ministério Pastoral. Rio de Janeiro: CPAD, 2004.
v KIRK, M. C. Mulher Cristã - Desafio de Hoje. Rio de Janeiro: Publicação da
União Feminina Missionária Batista do Brasil, 1981.
v PEACE, MARTHA. Esposa Excelente. São José dos Campos, SP: Fiel, 2008.
v SILVA, K. De Pastor a Pastor. São Paulo: 2. ed. Vida, 1997.
v SILVA, Laucinéia R. Monografia: A Esposa do Pastor. Natal, RN: SIBB,
1990.
v SPURGEON, C. H. O Chamado para o Ministério. São Paulo: Publicações Evangélicas
Selecionadas. [s.d.].